SELSO PONDERANI: “OS CONFLITOS EM PALMA TIRARAM-NOS O ÂNIMO”

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O Director Geral da S&P Comércio e Serviços Selso Ponderani diz que as investidas dos insurgentes no passado dia 24 de Março tiram o ânimo ao empresariado de Palma.

Segundo Ponderani, o facto de a Total ter suspendido a actividade tornou a situação mais complicada, na medida em que vários operadores tinham na petrolífera o seu maior cliente.

“A grande alternativa é diversificar o negócio, sobretudo para aquelas empresas firmadas olhando apenas para os hidrocarbonetos”, aconselha.

No caso da S&P, Ponderani assevera que vai optar por ampliar a carteira de clientes, visando assegurar o posto de trabalho dos seus colaboradores.

“Vou trabalhar com as ONG, visto que muitas estão a fixar-se em Cabo Delgado e como já tenho experiência de trabalhar com a FAO, que inclusive passou-nos uma carta abonatória, vai ser bom”, vaticina.

O empresário fala do rompimento de uma facturação mensal de 10 mil dólares e, portanto, um prejuízo de cerca de 2 milhões e cem mil meticais.

“Tínhamos contratos com vários clientes e eles não reclamaram dos atrasos no fornecimento de bens e serviços porque passam pelas mesmas dificuldades. O problema que vivemos actualmente é comum. Há que ter em conta que o caminho é para frente”, encoraja, embora reconheça que os negócios em Palma correriam melhor se a população do distrito estivesse a viver num ambiente de harmonia.

“Um dos meus carros está em parte incerta e a pessoa que zela por ele está incontactável e não sabemos o que se passa. Tenho amigos que relatam situações lamentáveis. O sector imobiliário, por exemplo, vai sofrendo em cadeia porque as pessoas estão a retirar-se e cancelam os contratos de arrendamento. Eu próprio tinha uma casa arrendada no valor de mil dólares e perdi o inquilino por causa dos ataques armados”.

Ponderani espera que, a breve trecho, a situação seja controlada por forma a evitar o abandono definitivo da região.

“Hoje encontro-me na condição de deslocado. Estou em Maputo a tentar comprar uma casa para a minha família e há muitas pessoas nesta situação. A continuar, o sistema instalado na capital pode vir a colapsar, por falta de capacidade”, teme.