SECTOR PRIVADO QUER LIBERALIZAÇÃO DA COMPRA DE VACINAS CONTRA A COVID-19

Partilhar este conteúdo

O Sector Privado quer apoiar o Estado na vacinação dos moçambicanos contra a Covid-19 e defende, por isso, que o governo deve liberalizar a compra de vacinas pelo empresariado nacional.

Falando num programa televisivo, o membro da Comissão da CTA de Resposta à Covid-19, Onório Manuel, disse que a pretensão visa minimizar os efeitos nefastos da doença sobre economia nacional.

“Nós compreendemos as prioridades do governo para a vacinação dos moçambicanos. Contudo, enquanto perdurarem, as altas taxas de infecção, o governo sempre vai tomar medidas severas que terão afectarão o Sector Privado. Nesse sentido, queremos fazer parte da solução e mostrar que defendemos a mesma causa e não estamos  aqui simplesmente para reclamar”, disse Manuel, acrescentando que um primeiro ensaio já tinha sido feito, através da iniciativa UNIVAX, tida como um “grande sucesso”, com 318 empresas abrangidas.

“Conseguimos trazer para o nosso país mais de 500 mil doses de vacinas e a nossa visão é dar continuidade a esta iniciativa, mas é preciso aqui clarificar que nós não queremos a liberalização da vacina para o Sector Privado.  A nossa visão é apoiar o esforço do governo para uma rápida imunização dos moçambicanos”, reiterou.

Refira-se que o Sector Privado prioriza a vacinação dos seus colaboradores e dependentes, comunidade que não faz parte dos critérios do governo que está a iniciar a fase de vacinação de pessoas com idade superior a 50 anos e  pretende que até finais do presente ano seja imunizada perto de 20% da população.

“Há aquelas pessoas que não fazem parte destes dois grupos de indivíduos, mas que também precisa de ter acesso à vacina. Reconhecemos que este é um assunto do Estado, mas conhecemoss as nossas deficiências como país e, por via disso, conjugando o esforço, tanto do Estado, assim como do Sector Privado, achamos que muito rapidamente podemos imunizar uma grande parte da população moçambicana”, afirmou.

Por seu turno, o Director Executivo da Associação de Comércio, Indústria e Serviços, Edson Chichongue acredita que quanto mais pessoas forem imunizadas, mais rapidamente o governo tenderá a relaxar ou retirar as medidas restritivas que, no seu entender, desfavorecem o desenvolvimento da economia.

“Se o Sector Privado não tiver esta abertura, teremos a vacinação administrada especificamente pelo governo, mas longe das metas e, paralelamente, o governo vai continuar a tomar estas medidas muito severas para o Sector Privado e isto vai claramente agravar a cada dia a situação da nossa economia que, como se vê, é uma economia que caminha cada vez mais para uma situação muito mais crítica, porque a Covid-19, não é o primeiro choque que enfrentamos, e podemos mencionar aqui os ciclones IDAI e Kenneth, o conflito na região centro do país e hoje na região norte”, realçou.

Entretanto, o posicionamento do Sector Privado não encontra consenso do Observatório da Saúde (OBS), que receia que com a permissão da participação do Sector Privado o Estado venha a perder o controlo da aquisição de vacinas.

“Nós sabemos que o Sector Privado pode colaborar e é desejável, com o Estado moçambicano, desde que esta negociação não ponha em causa direitos de uma maioria que se encontra em situação de vulnerabilidade. Nós podíamos sugerir, por exemplo, que se fizesse um controle das pessoas que são vacinadas, saber quantas vacinas entraram no nosso país, o Estado tem que ter controlo sobre isto, senão vamos criar um mercado negro e paralelo de comercialização de vacinas. Nós não queremos que esta situação aconteça no nosso país e uma solução para termos a garantia de que de facto haverá uma efectividade neste processo”, disse António Mathe, Oficial de Participação Pública do OBS.