O empresário moçambicano, Salimo Abdula, defende a uniformização da legislação comercial na SADC para impulsionar as trocas comerciais entre os países região e dinamizar o funcionamento da Zona de Comércio Livre.
O empresário considera que existe uma influência legislativa híbrida, de origens lusófona e anglófona, que contraria a vontade política de materializar a livre troca comercial entre os países membros.
“Nós não temos integrada, ainda, esta questão legislativa, que facilita a interação e troca de produtos. É muito importante que isso aconteça. Moçambique e Angola, por exemplo, são duas aves raras aqui no meio da SADC, porque são países com uma legislação, cultura e uma língua diferentes, urge a necessidade dessa integração porque é aqui onde vamos trazer sustentabilidade para as nossas empresas”, disse.
Abdula, que falou à Voz do Empresário, no âmbito da 1ª edição do Fórum de Negócios da SADC, realizado em Moçambique, apontou a integração de infra-estruturas na melhoria do ambiente de negócios como outra forma de dinamizar as trocas comerciais entre os países da SADC e impactar a economia da região.
“É importante que as infra-estruturas se interliguem e Moçambique está a contribuir a nível do sector energético, já temos pontes entre alguns países como por exemplo a Tanzânia e o Zimbabué, é um princípio. Agora o ambiente de negócios e a cultura de negócios é preciso ser integrada e tem que ser afinada através da legislação”, vincou, catalogando Moçambique e Angola como “duas aves raras”, no contexto actual da região.
“Veja, por exemplo, se um empresário zimbabwiano ou sul-africano vai para Moçambique, terá um pouco de dificuldades, primeiro pela comunicação, pela língua, segundo porque o tipo de legislação e cultura de negócios é diferente. É importante que integremos os aspectos que mencionei, porque é aqui, na região, onde daremos sustentabilidade às nossas empresas”, argumentou.
O empresário considera ainda que uma legislação única facilitaria o alinhamento da estratégia e elevaria os níveis de confiança entre os países do interland, factor crucial na realização de negócios.
“Nós temos vindo a falar há bastante tempo sobre a necessidade de interagirmos na região porque ela pode representar aquilo que nós não temos em Moçambique por exemplo, que é uma economia de escala. Temos aqui um potencial da mais de 250 milhões de consumidores, que podem permitir às Pequenas e Médias Empresas terem uma visão de produtos novos que podem ser produzidos e fornecidos a esses consumidores internos da SADC”, elucidou.