A ex-Primeira-Ministra, Luísa Diogo, desafia os sectores público e privado realizarem transformações profundas dos procedimentos para a melhoria do ambiente de negócios em Moçambique.
Luísa Diogo assumiu este posicionamento em Maputo, num debate sobre as reformas económicas no país, promovido pela ACIS no âmbito da celebração dos 20 anos da associação.
A ex-Primeira-Ministra apontou a simplificação dos procedimentos na área fiscal e o ajustamento da legislação aos desafios actuais da economia de mercado como aspectos fundamentais para a transformação.
“Aquelas leis que nós aprovamos no meu governo eram leis de transição e nós sabíamos que estávamos a fazer reformas para um dia fazer transformação, mas vocês continuam a fazer reformas. O nosso sonho era que, em 2013, 2014, 2015, Moçambique desse o salto para o processo de transformação económica e essa transformação não seria feita com gás, e sim com a agricultura, com a indústria, com os serviços, com transportes ferroviários, rodoviários, marítimos, fluviais e tudo que seja comércio”, afirmou.
Luísa Diogo insta os actores do desenvolvimento económico nacional a criarem um novo modelo de actuação, baseado no modelo actual, porém livre de dogmas.
“Retirem os dogmas do caminho. Quem cria o novo modelo é o governo, juntamente com as associações e as associações estão melhor preparadas e capacitadas para fazer Moçambique dar o salto. Eu não tinha associações económicas organizadas desta maneira, para negociar, era só a vontade que nós tínhamos”, encorajou.
Diogo, que também assumiu a pasta do plano e finanças entende que uma boa liderança associada à eficácia da equipa organizacional permite, por exemplo, explorar o potencial de Moçambique em sectores como o turismo.
Neste prisma, defende a simplificação de procedimentos em situações de atribuição dos vistos de viagem, a redução das barreiras ao comércio e à circulação de turistas.
“Um Ministro das Finanças, que sabe que grande parte das receitas das embaixadas vem dos vistos, ele tem que saber compensar e dar o ‘rebuçado’ necessário para salvar o bem maior, que é a grande mina de dinheiro que é o turismo em Moçambique. Uma mina não explorada, um diamante não lapidado. Não pode comprometer uma agenda maior, de milhões de dólares por uma agenda de mil dólares, que é receita das embaixadas”, aconselhou.
Luísa Diogo destaca a premência de acções coordenadas entre o sector público e o sector privado, visando o crescimento económico de Moçambique em níveis mais altos.
“Este Moçambique não pode crescer a 1,5%, é vergonhoso e não tem nada a ver com a potência que este país é. E não podemos buscar a Covid-19 para justificar isso. A agricultura, os serviços, a aquacultura e muitas outras áreas não têm nada a ver com a Covid. É necessário que se saiba definir o que é que importa neste momento”, rematou.