O Director Geral da Ethale Publishing, Jessemusse Cacinda, defende que as instituições públicas devem modernizar os seus serviços, tornando-os digitais, para garantir o bom funcionamento da cadeia produtiva nos sectores público e privado, ao mesmo tempo que se adaptam às restrições nos contactos interpessoais, impostas pela pandemia da Covid-19.
Cacinda entende que há, nas instituições do Estado, várias operações que hoje, com o advento da tecnologia, dispensariam a presença física dos utentes, flexibilizando os processos e reduzindo os riscos de contaminação pela Covid-19.
“A combinação das modalidades digital e física de trabalho são a solução que vemos para a situação que vivemos actualmente. É preciso que as instituições públicas acompanhem a evolução das empresas privadas, possibilitando que certos contactos aconteçam de forma remota, pois, enquanto continuarem retardadas, a funcionar no século passado, continuaremos a ver um aglomerado de pessoas em filas desnecessárias à busca de informações simples, ou de serviços que poderiam ser prestados à velocidade de um clic”, alertou.
A exortação estende-se igualmente para as instituições bancárias. “É difícil obter uma informação do banco através de um telefonema. É preciso ir lá, formar uma fila enorme e passar várias horas até ser atendido”, lamentou acrescentando que o facto, muitas vezes acarreta custos adicionais, sobretudo para as micro e pequenas empresas, porquanto têm de contratar pessoas que tratem exclusivamente dessas questões.
“Há uma burocracia e um ambiente todo que torna difícil executar a actividade num período normal e, se pensarmos em fazer negócio em tempo de Covid, a situação torna-se cada vez pior”.
A Ethale Publishing é uma sociedade editorial vocacionada na promoção da literatura, cultura e pensamento africano. Com a limitação da produção de eventos, como feiras e lançamentos de livros, as vendas da empresa viriam a ser afectadas.
Cacinda refere que foi precisamente a antecipação e a aposta no digital que ajudaram a fazer face aos impactos da Covid-19.
“Quando a doença era apenas um problema de saúde na China, olhando para a sua especificidade, previmos que a qualquer momento chegaria a Moçambique. Ajustamos a nossa estratégia, por forma a que pudéssemos realizar vendas ao mesmo nível que nos lançamentos e feiras de livro. Infelizmente não surtiu o efeito desejado, mas quando o país entrou em estado de emergência, iniciamos uma série de debates online, designada ‘Ethale Talks’ que nos permitiu alcançar 16 mil seguidores e por via disso algumas entidades aproximaram-se e ganhamos com publicidade”, jubilou.
Segundo Cacinda, a génese da Ethale Publishing inclui o exercício da actividade no digital e esta crise acabou se tornando uma oportunidade para a empresa firmar-se definitivamente nesse espaço explorando todas as vantagens nele existentes.
“Temos os nossos livros no Amazon, através da plataforma kingdol, e os nossos direitos autorais a serem distribuídos de forma digital, através da Barat Books, na Nigéria e da world reader. A nossa experiência de venda e de circulação de material no espaço digital, acabou contribuindo para que nós criássemos o nosso próprio aplicativo, que é o Ethale books”.
Além dos livros por si editados, a Ethale comercializa, também, livros de outros autores e outras editoras internacionais.
“Temos no nosso catálogo o nigeriano Wole Soyinka e somos, por isso a única editora nos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa, que tem um prémio Nobel da literatura. Fomos também a primeira editora em Moçambique a fazer traduções e temos estado a editar e traduzir clássicos africanos, com todo o trabalho feito no espaço digital”, referiu.
Com o relaxamento das restrições e o relançamento da actividade económica, a editora, que durante o período de confinamento esteve igualmente focada na produção de conteúdos, augura lançar, muito em breve, de uma só vez, 4 livros.